Nos bastidores da política baiana, uma nova costura tem movimentado as conversas — e o epicentro dessa articulação é Itapetinga. Segundo fontes próximas ao grupo governista, o prefeito Eduardo Hagge teria condicionado seu apoio à candidatura do sobrinho, o ex-prefeito Rodrigo Hagge, a deputado estadual, a uma exigência clara: adesão integral ao projeto político do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e ao deputado federal Jaime Vieira Lima.
Mas o que era para ser um alinhamento estratégico em favor de um novo ciclo pode ter tropeçado logo nas primeiras conversas. De acordo com informações de bastidores, em reunião recente, nada ficou decidido. Rodrigo Hagge não teria demonstrado interesse em subir no mesmo palanque que Jerônimo e muito menos em pedir votos para o deputado Jaime.
Foto em reunião reforça movimentação
Como se não bastasse a agitação nos bastidores, circulou hoje, terça-feira, 30 de abril, nas redes sociais uma imagem que gerou ainda mais comentários nos meios políticos: o prefeito Eduardo Hagge aparece ao lado de membros do MDB local em uma reunião no gabinete da prefeitura. A foto foi interpretada como mais um movimento de tentativa de alinhamento interno, ou até de pressão simbólica para que o grupo feche questão em torno de um só nome — o de Rodrigo Hagge. Mas será que ele topa o jogo?
Aliança forçada?
Rodrigo, ex-prefeito de Itapetinga e atualmente lotado na LIMPURB (Empresa de Limpeza Urbana de Salvador), é conhecido por seu histórico de fidelidade a ACM Neto (União Brasil). A ligação entre os dois vai além da admiração política: há confiança, identidade ideológica e afinidade no estilo de governar. Por isso, não surpreende que o ex-prefeito esteja sendo cogitado para abandonar o MDB e ingressar na União Progressista — federação formada entre o União Brasil e o PP (Progressistas), liderada pelo próprio ACM.
MDB ou União Progressista?
A possível saída de Rodrigo do MDB provocaria um verdadeiro terremoto político em Itapetinga e em toda a região. O partido, que historicamente comanda a cidade e gira em torno da influência da família Hagge, corre o risco de perder uma de suas figuras mais emblemáticas. Mais que uma simples mudança de legenda, o gesto seria interpretado como um recado direto ao prefeito Eduardo Hagge: mesmo com o vínculo familiar, Rodrigo não estaria disposto a aceitar imposições, sobretudo quando envolvem apoio ao governador petista.
Enquanto isso, a União Progressista surge como uma alternativa robusta. A federação, recém-lançada, carrega em seu manifesto o desejo de “superar a fragmentação política” e garantir governabilidade com uma das maiores bancadas do Congresso Nacional. Na prática, é uma tentativa clara de construir uma força capaz de enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro — e talvez até flertar com ambos, se for conveniente.
União com o governo Lula? Depende do cenário…
Hoje, tanto União Brasil quanto Progressistas participam da base do governo federal. Possuem ministérios, cargos e influência em Brasília. Mas até quando? Com a formação dessa nova federação, os movimentos de figuras como Rodrigo Hagge podem indicar um realinhamento maior, talvez até um distanciamento da esquerda petista, com vistas em 2026.
E o prefeito Eduardo Hagge? Se por um lado tenta manter a influência local unida, por outro pode ver o projeto escorrer pelas mãos se o sobrinho decidir voar com asas próprias — e em outra sigla.
O que está em jogo?
Mais do que apenas uma candidatura, o que se desenha é uma disputa de comando, de autonomia e de identidade política. Rodrigo Hagge terá que decidir: continua no MDB e aceita o jogo do apoio “por troca”, ou assume de vez o papel de aliado fiel de ACM Neto e fortalece a União Progressista na Bahia?
O tempo dirá. Mas, em Itapetinga, o silêncio nos bastidores fala mais do que qualquer discurso oficial.
G4TVBahia
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