Arte de Rua se Espalha por Itapetinga: Muros que Contam Histórias e Mantêm Viva a Memória Cultural da Cidade

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As cores, traços e emoções da arte urbana estão transformando Itapetinga em uma verdadeira galeria a céu aberto. Depois dos murais do Colégio Noraice Gusmão, do Parque Zoobotânico da Matinha, do Colégio Estadual Alfredo Dutra, do Colégio Polivalente e do Estádio Municipal, novos espaços continuam ganhando vida com o talento e a sensibilidade de artistas locais e regionais.

Agora, é o muro do antigo Colégio Industrial que se torna o novo palco dessa expressão artística — um projeto que une memória, arte e identidade e que vem encantando quem passa pela localidade.

Com a realização da Coordenação de Extensão, Esporte e Cultura (PROEX) da UESB, o trabalho conta com o talento dos artistas da cidade de Jequié, Mr. Julioo, San, Léo Chan e Thiago Tao, que estão produzindo pinturas em grafite retratando a história de personalidades itapetinguenses que deixaram um legado eterno.

Além das homenagens, o mural também aborda temas contemporâneos e simbólicos, como a diversidade, a arte de rua, o cinema e a cultura indígena — representando com respeito e beleza os povos originários.

Frases como “Quando o homem decidir reformar a sua consciência, o mundo tomará outro roteiro”, da escritora Maria Carolina de Jesus, aparecem entre as obras, reforçando a proposta de reflexão e a valorização da cultura popular.

O projeto, que está em fase final, já vem chamando atenção pelo cuidado estético, pelas cores vibrantes e pela profundidade das mensagens que carrega.

São Félix — o escultor que deu forma à alma de Itapetinga

São Félix — nome artístico de Julio de Souza Barbosa (1927–2011) — foi um dos maiores artistas plásticos de Itapetinga. Escultor de talento inigualável, transformou espaços públicos em obras de arte e deixou marcas profundas na identidade visual da cidade. Criador das esculturas icônicas do Parque da Matinha, ajudou também a esculpir os orixás da Rótula de Itapetinga e as peças da Pracinha dos Pioneiros, a famosa “Pracinha do Jegue”.

Seguindo a trilha de sua obra, é possível encontrar esculturas que encantam pela originalidade e sensibilidade: “Acari” (peixe típico do rio Caculé), “Mandacaru” (feita sem a participação de Vila, que estava doente), “Bom Samaritano”, “A Flor do Desejo”, “A Pomba”, “Os Amantes”, “A Maldade Acima do Mundo”, “Jacaré” (com olhos brilhantes feitos com fundo de garrafa), “Sapo”, “Totem” e “São Francisco”.

E há um detalhe especial: o espaço onde hoje está sendo realizado esse belíssimo trabalho artístico no muro do antigo Industrial foi, por longos anos, moradia de São Félix, o artista que deu vida à pedra e eternizou a história da cidade com suas mãos.

Marvione Macêdo — a poesia

Marvione Macêdo, itapetinguense de alma, filha de Donaciano Macêdo (in memoriam) e Iracy Antunes Macêdo. Pisciana e apaixonada pelas artes, encontrou na poesia sua forma mais pura de expressão. Autora de dois livros — Recado (1979) e Andanças (1994) —, Marvione participou de diversas Antologias Poéticas Nacionais da editora João Scortecci, incluindo as edições especiais para a 13ª e 14ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo.

Com humildade e doçura, costumava dizer:

“Escrevo versos, não sou poeta, ajudo a manter acesa a chama da poesia.”

Marvione coordenou várias Antologias de Poetas de Itapetinga, incentivando gerações de escritores e mantendo viva a chama da literatura local.

Dona Silvina — a lavadeira que alfabetizou corações

Dona Silvina Pereira Santos foi uma mulher extraordinária. Ativista, contadora de histórias e ex-lavadeira, dedicou sua vida à educação popular e à valorização da leitura e da escrita em Itapetinga. Sua atuação no programa de alfabetização PROLER marcou gerações.

Mulher negra, simples e batalhadora, Dona Silvina transformou sua busca pelo conhecimento em inspiração para toda uma comunidade. Reconhecida pela UESB e por diversas instituições culturais, recebeu homenagens póstumas e passou a ser lembrada carinhosamente como “a lavadeira, escritora da oralidade” — símbolo de sabedoria e resistência.

Cores que contam histórias

A iniciativa da UESB reafirma o compromisso com a cultura e a memória da cidade. Cada traço, cada cor e cada rosto pintado nesses muros traduz o respeito às trajetórias que moldaram Itapetinga e continuam a inspirar novas gerações.

As paredes, antes cinzas, agora falam.
E o que dizem é simples e belo:
a arte é a voz que a cidade nunca deixa de ouvir.

Parabéns aos talentosos artistas pintores, à UESB pela iniciativa, à cidade de Itapetinga que abraça e valoriza a cultura, e à eterna gratidão aos homenageados artistas que nos deixaram, cuja memória continua a inspirar cada traço e cor espalhados pelos muros da cidade.

G4TV Bahia

Fotos e Música: Clewton Dias / Gasinho G4-IA

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