A política de Itapetinga, que nunca foi calma, parece viver agora um verdadeiro episódio de novela das oito. E como em toda boa novela, os bastidores são mais intrigantes que os discursos públicos. A pergunta que corre solta nos bastidores da capital e ecoa nas esquinas da cidade é: o que Rodrigo Hagge realmente espera ao lado de Antonio Brito nas próximas eleições?
Rodrigo, ex-prefeito de Itapetinga e atual pré-candidato a deputado estadual, vinha demonstrando um claro alinhamento com seu tio, Eduardo Hagge, atual prefeito e uma das principais lideranças políticas da cidade. Rodrigo costumava afirmar — entre amigos e correligionários — que só lançaria sua candidatura com o aval e o apoio do tio. Afinal, foi ele quem praticamente bancou e garantiu a reeleição de Eduardo à prefeitura.
Mas o clima começou a azedar com a decisão de Eduardo Hagge em declarar apoio a Jerônimo Rodrigues, atual governador da Bahia, aliado direto do grupo político de Geddel e Lúcio Vieira Lima — históricos parceiros dos Hagge em Itapetinga. A pressão veio forte: para seguir com o grupo, Rodrigo teria que declarar apoio ao governador e permanecer no MDB como candidato.
Mas Rodrigo escolheu o caminho oposto: manteve-se fiel a ACM Neto, seu padrinho político desde os tempos de gestão, e hoje um dos principais opositores do governo estadual. Com essa decisão, Rodrigo terá que deixar o MDB e buscar abrigo em outra sigla.
E aí surge a pergunta que corre solta entre lideranças e eleitores: qual será o novo partido de Rodrigo Hagge?
Essa escolha criou um racha silencioso, mas evidente, dentro do clã Hagge. Enquanto Eduardo segue articulando sua base ao lado do grupo de Jerônimo — inclusive apresentando Jayme Vieira Lima, sobrinho de Geddel, como seu nome para deputado federal —, Rodrigo se aproxima cada vez mais de Antonio Brito, o federal que já garantiu, até aqui, apoio de 10 vereadores em Itapetinga, muitos deles da base do próprio prefeito Eduardo.
E é nesse contexto que ganha força o que se comenta tanto em Itapetinga quanto na capital do estado: Rodrigo Hagge e Antonio Brito — adversários nas últimas eleições, mas que sempre mantiveram uma relação institucional marcada pelo envio de emendas parlamentares por parte do deputado — serão a nova dobradinha para 2026? Nos bastidores, aliados próximos já falam abertamente sobre essa composição. Ao mesmo tempo, circulam rumores de que Eduardo Hagge articula uma aliança com Rosemberg Pinto — líder do governo Jerônimo na Assembleia Legislativa — para formar sua própria dobradinha com Jayme Vieira Lima, ambos alinhados ao Palácio de Ondina.
O que está em jogo não é apenas uma eleição estadual, mas o comando político de Itapetinga e a sobrevivência de dois grupos que, até pouco tempo, eram irmãos de sangue e de urna. Eduardo Hagge, mesmo desgastado com parte do MDB, vem reconstruindo pontes. Já conquistou lideranças comunitárias e atraiu antigos opositores. A pergunta que resta: será que os gabirabas e saruês estarão marchando com Eduardo ou com Rodrigo?
Vale lembrar: Rodrigo já mostrou força ao trazer 4 dos 5 vereadores do MDB para seu lado. Já Antonio Brito segura um bloco ainda maior, com 10 parlamentares que, teoricamente, são da base do prefeito. A cidade hoje tem dois palanques montados, mas só em 2026 saberemos quem de fato vai subir neles.
Enquanto isso, nos grupos de WhatsApp, nos bastidores de Salvador e nas rodinhas de café em Itapetinga, reina o suspense. A política local virou uma verdadeira novela das oito — cheia de reviravoltas, alianças improváveis e protagonistas disputando os holofotes. Como se diz na cidade: tem gente insatisfeita… e outros rindo à toa.
G4TVBahia
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