A briga política entre ACM Neto e Geddel Vieira Lima, dois caciques da velha guarda baiana, parece ir além de simples farpas nas redes sociais. O embate entre os dois líderes, que já estiveram no mesmo palanque em outros tempos, agora coloca Itapetinga como peça-chave em uma disputa de bastidores que pode influenciar o futuro do Médio Sudoeste da Bahia.
De um lado, ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador, lidera a oposição ao Governo do Estado e mantém forte influência sobre Rodrigo Hagge, ex-prefeito de Itapetinga e pré-candidato a deputado estadual (ainda sem partido definido). Do outro, Geddel Vieira Lima (MDB), mesmo afastado dos holofotes institucionais, continua atuando nos bastidores da política baiana e conta com o apoio do atual gestor de Itapetinga, Eduardo Hagge (MDB) — tio de Rodrigo —, que hoje abraça a candidatura a deputado federal de Jayme Vieira Lima (MDB), primo de Geddel e de Lúcio Vieira Lima, ambos figuras centrais no comando do MDB estadual.
Dobradinha incerta: Rodrigo e Brito?
Rodrigo Hagge, que ainda não definiu por qual partido disputará uma vaga na Assembleia Legislativa, aparece como um nome viável para uma possível dobradinha com o deputado federal Antonio Brito (PSD), atual aliado do governador Jerônimo Rodrigues (PT). A aproximação, ainda não oficializada, tem gerado burburinhos nos bastidores políticos da cidade e acirrado o clima entre antigos aliados e adversários.
Caso a parceria entre Rodrigo e Brito se confirme, será mais um ingrediente nesse caldeirão político em ebulição: Rodrigo, ligado a ACM Neto, se uniria a Brito, aliado de Jerônimo e, consequentemente, de Geddel. Um verdadeiro jogo de xadrez onde ninguém quer sair como peão.

Alinhamentos que causam estranhamento
Na última eleição municipal, Eduardo Hagge foi eleito com o apoio de uma ampla coalizão, vencendo a candidata do PSD, Cida Moura — que, segundo comentários nos bastidores da política local, poderia eventualmente declarar apoio a Rodrigo Hagge e Antonio Brito. Nada confirmado, apenas especulações. Agora, Eduardo vem montando seu grupo político, recebendo o apoio de ex-aliados de Cida Moura, e tenta manter sua hegemonia ao buscar transferir votos para Jayme Vieira Lima — nome ainda pouco conhecido na cidade, que terá a missão de conquistar a confiança de um eleitorado exigente e cada vez mais atento às articulações políticas.

O desafio é grande. Eduardo conta com a “caneta” na mão, uma equipe política experiente — os chamados “macaco véi” — e vem buscando apoio de líderes locais. No entanto, tudo indica que nem todos os partidos aliados ao governo municipal sinalizaram apoio direto ao candidato escolhido pelo gestor. Nos bastidores, circulam informações de que alguns grupos políticos estariam articulando a apresentação de seus próprios nomes para a disputa federal, o que pode fragmentar o eleitorado e dificultar a missão de Eduardo em unificar sua base. Enquanto isso, Rodrigo poderá nadar de braçada, por ser um candidato da cidade. Resta esperar para ver os desdobramentos.
O eleitor de Itapetinga e os sinais contraditórios
Enquanto isso, parte do eleitorado começa a se perguntar: como Rodrigo Hagge, apadrinhado político de ACM Neto, poderá caminhar ao lado de aliados de Geddel e Jerônimo? O mesmo Jerônimo que é apoiado por Eduardo como governador e integra o grupo político adversário de Neto. Essa dúvida ganha força caso a dobradinha Rodrigo x Antonio Brito se concretize.
A política de Itapetinga, conhecida por sua intensidade e reviravoltas, vive um de seus capítulos mais intrigantes. A dúvida que paira no ar é: quem sairá vitorioso dessa batalha silenciosa na cidade — Geddel ou ACM Neto? E mais: será que os partidos da base governista local seguirão fielmente o nome indicado por Eduardo? E os vereadores eleitos pelo MDB, ligados ao grupo de Eduardo — seguirão com os candidatos apresentados por ele? Que doideira essa política de Itapetinga!
Reflexo de um cenário maior
A disputa em Itapetinga reflete um movimento maior que se desenha na política baiana: uma quebra de antigos blocos, alianças improváveis e o reposicionamento de lideranças regionais, tudo isso em um momento de rearranjo para as eleições de 2026. Até lá, Itapetinga segue sendo uma peça fundamental nesse jogo, onde cada voto pode significar um xeque-mate.
G4TVBahia
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