Em uma noite que ficará marcada como mais um capítulo sombrio da história recente do futebol brasileiro, a Seleção foi massacrada pela Argentina por 4 a 1, em jogo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, realizado no Estádio Monumental de Núñez, em Buenos Aires. Um jogo que escancarou todas as fragilidades, falta de preparo e desorganização do time canarinho. A derrota foi mais do que um placar elástico — foi uma verdadeira aula de futebol por parte dos hermanos, que dominaram a partida do início ao fim, com uma superioridade que beirava o deboche.
Desde o apito inicial, a Argentina dominou as ações. Aos 5 minutos, Julián Álvarez abriu o placar após um passe preciso de Thiago Almada, mostrando a fragilidade da defesa brasileira. Pouco depois, aos 12 minutos, Enzo Fernández ampliou a vantagem argentina, finalizando uma jogada coletiva envolvente que expôs a desorganização do sistema defensivo do Brasil.
Tentando reagir, o Brasil teve uma breve oportunidade aos 20 minutos, quando Matheus Cunha aproveitou um erro de Romero e diminuiu a diferença. No entanto, a esperança foi efêmera. Aos 30 minutos, Enzo Fernández lançou Alexis Mac Allister, que, com categoria, marcou o terceiro gol argentino, reafirmando a superioridade da equipe visitante.
No segundo tempo, a Argentina manteve o controle absoluto. Giovanni Simeone, que entrou como substituto, selou a goleada aos 25 minutos, surpreendendo a defesa brasileira com um chute potente que não deu chances ao goleiro Bento.
O time comandado por Thiago almada — e por um coletivo afiado e sincronizado — trocava passes com facilidade, girava o jogo, envolvia o meio de campo brasileiro e fazia da defesa verde e amarela uma verdadeira peneira. O Brasil, por outro lado, parecia perdido, sem direção, sem alma, sem futebol.
Desde o trágico 7×1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014, o Brasil não se reencontra. O que se vê é uma sucessão de trocas de técnicos, convocações questionáveis e um elenco que, apesar de talentoso em nomes individuais, não se transforma em equipe dentro de campo. Falta identidade, falta comando, falta garra.
A atuação brasileira foi marcada por erros sucessivos, falta de entrosamento e uma apatia alarmante. A defesa mostrou-se vulnerável, o meio-campo inexistiu e o ataque foi ineficaz. A torcida argentina, presente em grande número, não poupou provocações, entoando gritos de “olé, olé, olé” a cada toque de bola de sua equipe, evidenciando o abismo entre as duas seleções.
Desde a traumática derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, o Brasil não consegue reencontrar seu futebol vibrante e envolvente. A sequência de resultados negativos e atuações abaixo da expectativa exige uma reflexão profunda por parte da CBF, comissão técnica e jogadores.
É imperativo que mudanças estruturais sejam implementadas. A Seleção Brasileira precisa urgentemente de uma reformulação que resgate sua identidade e competitividade no cenário internacional. Caso contrário, a tendência é que novas derrotas, como a de hoje, se tornem recorrentes.
A Argentina, com posse de bola, inteligência tática e vontade, mostrou ao mundo o que é ser uma seleção de verdade. Enquanto isso, o Brasil assistia ao jogo como quem espera o apito final para sair logo do pesadelo. Não houve reação. Não houve nem sequer dignidade esportiva. Houve, sim, apatia.
O torcedor brasileiro, apaixonado e esperançoso, não merece ver sua seleção ser humilhada dessa maneira. O futebol brasileiro, outrora respeitado e temido, hoje causa pena e revolta. Jogando dessa forma, com esse espírito apagado, a Seleção Brasileira caminha a passos largos para a irrelevância.
Vale destacar que tanto Lionel Messi quanto Neymar não estiveram em campo, ambos afastados por lesão. Mesmo sem seus dois maiores astros, Argentina e Brasil protagonizaram um confronto que escancarou o atual momento das seleções — e a ausência de Neymar não justifica a apatia da equipe brasileira, que foi dominada do início ao fim.
É hora de parar, olhar no espelho e fazer a pergunta que ninguém dentro da CBF parece disposto a fazer: o que está acontecendo com o futebol brasileiro?
Se nada mudar, a tragédia vai se repetir. E o que hoje é crítica, amanhã pode virar indiferença.
Clewton Dias G4TVBahia
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